O exército israelense anunciou na sexta-feira (3) ter interceptado um míssil e um drone vindos do Iêmen, em ataques reivindicados pelos rebeldes houthis. Esse cenário tem se repetido desde o ataque de 7 de outubro e a guerra em Gaza. Os houthis são o último membro do chamado "eixo da resistência" a continuar atacando diretamente Israel.
RFI
As ofensivas militares de Israel no Oriente Médio contra aliados do Irã, como o Hezbollah no Líbano, enfraqueceram Teerã, mas Israel ainda enfrenta o desafio dos ataques dos rebeldes houthis do Iêmen, também aliados do Irã, que continuam sendo os únicos a lançar projéteis diariamente contra o território israelense.
Ataques dos rebeldes houthis do Iêmen se tornam verdadeiro desafio para defesa israelense© AP |
Após os duros golpes sofridos pelo Hezbollah ao longo do último ano, o grupo islâmico apoiado pelo Irã, a principal ameaça agora vem dos houthis, grupo xiita que controla Sanaa, a capital do Iêmen, localizada a quase 2.000 quilômetros de Israel.
"O braço armado do Irã"
Se os houthis continuam atacando diretamente Israel, é porque afirmam agir em solidariedade ao povo palestino. Enfraquecido, o aliado iraniano não pode, por enquanto, agir de forma direta, já que as represálias que Teerã poderia enfrentar por parte de Israel poderiam sair muito caras, especialmente no que diz respeito ao seu programa nuclear."De certa forma, os houthis são o braço armado do Irã", analisa Franck Mermier, antropólogo, diretor de pesquisa do CNRS e especialista no Iêmen, em entrevista à RFI. "Mas é importante também considerar que motivações internas, ligadas justamente à legitimidade do poder deles no Iêmen, também orientam a continuidade dos ataques contra Israel", acrescenta.
A insistência dos houthis em atacar Israel tem resultado em bombardeios retaliatórios, mas, por ora, o Estado israelense e seus aliados encontram dificuldades para conter a ameaça houthi sem alterar sua estratégia.
Alvo: líderes houthis
Uma possível evolução na resposta israelense aos houthis seria intensificar os bombardeios, "como já foi feito por Israel em sua luta contra o Hezbollah nos subúrbios ao sul de Beirute", explica Franck Mermier."Outra opção seria atacar figuras políticas do regime houthi, algo que ainda não foi implementado. Além disso, Israel poderia apoiar o exército legítimo do Iêmen em avanços em determinadas frentes", conclui o pesquisador.
Analistas iemenitas preveem que, de fato, uma retomada das hostilidades entre os houthis e o exército leal ao governo pode ocorrer em 2025.